Alessandro segura a taça em comemoração ao título. |
O Corinthians venceu neste domingo o Chelsea por 1 a 0, com gol do
atacante Paolo Guerrero, no estádio Internacional de Yokohama (Japão), e
conquistou seu segundo título do Mundial de Clubes da Fifa.
O gol do atacante peruano Paolo Guerrero, aos 23 minutos do segundo
tempo, deu ao Alvinegro seu segundo título e elevou o dia 16 de outubro
de 2012 a uma seleta galeria de datas que jamais sairão da memória da
fiel torcida. Como o longínquo, porém inesquecível 13 de outubro de 1977
do fim do jejum. Afinal, foi neste domingo que o "bando de loucos"
ganhou o mundo.
A vitória, como não podia deixar de ser, teve contornos dramáticos. Do
outro lado do campo, afinal, estava um grande adversário. O campeão
europeu, a equipe que derrotou o todo-poderoso Barcelona nas semifinais
da Liga dos Campeões e que venceu o Bayern de Munique na final no
estádio do adversário. Mesmo estando em má fase agora, é respeitável e
temível.
Tanto que, para a final, o técnico Tite pensou em um esquema especial.
Sacou o meia Douglas para promover a escalação do atacante Jorge
Henrique entre os titulares. O objetivo era deixar a equipe mais rápida
no ataque e tirar algumas obrigações de Emerson na marcação no meio.
Conhecido por revezar seus jogadores, Rafa Benítez também fez
modificações no Chelsea em relação à semifinal contra o Monterrey. E
foram várias. O treinador espanhol tirou o brasileiro Oscar e pôs o
experiente Frank Lampard, de 34 anos, recém recuperado de lesão. Reserva
contra o time mexicano, Ramires começou a partida de hoje em campo. Com
isso, outro brasileiro, David Luiz, que havia atuado como volante no
último jogo, voltou à zaga.
O lateral direito Azpilicueta ficou no banco, e Ivanovic, zagueiro no
duelo com o Monterrey, ocupou essa posição, pela qual também atua. Por
fim, o atacante Moses começou como titular, fazendo dupla com Fernando
Torres, e o volante Mikel foi para a reserva.
Quando a bola rolou, o Corinthians pareceu não sentir o peso de
enfrentar uma das melhores equipes do mundo e impôs seu estilo de
marcação aguerrida e muita disciplina tática. Mas como no tradicional
palco paulista, o tal sofrimento estava presente. Comprou ingresso para a
final de hoje e apareceu pela primeira vez aos 10 minutos, quando, em
uma rara bobeada da defesa alvinegra, em uma cobrança de escanteio, o
goleiro Cássio foi obrigado a fazer um autêntico milagre. O zagueiro
Cahill teve duas chances de marcar dentro da pequena área, à
queima-roupa. Mesmo caído, o arqueiro pareceu preencher todo o gol, e a
bola simplesmente não entrou.
Após esse lance, o Chelsea cresceu na partida, mas o Corinthians não
abdicou do ataque. Após adiantar a marcação e conseguir uma roubada de
bola, o time teve boa chance aos 17 quando arrancou em velocidade com
Emerson. Porém, ao invés de buscar Guerrero, que estava no meio da área,
o atacante preferiu encarar David Luiz, que fez a proteção e deixou a
bola sair pela linha de fundo.
Oportunidade melhor ainda aconteceu aos 34 minutos. Guerrero dominou
dentro da área, girou, passando por David Luiz e Cahill, e chutou
cruzado. A bola saiu fraca, fora do alcance do goleiro e rumo à linha de
fundo, mas na segunda trave, quase sem ângulo, Emerson arriscou e
acertou o pé da trave.
E o tal do sofrimento para os corinthianos? Andava sumido, mas voltou a
dar as caras aos 37. Lampard fez longo lançamento para Torres na área.
De primeira, o atacante espanhol finalizou fraco, para boa defesa de
Cássio.
Dois minutos depois, o coração de toda a Fiel veio à boca quando Moses
entrou na área pela esquerda, após receber belo passe de Hazard, e
chutou tão bem colocado que quase correu para comemorar o gol. Só não
contava com Cássio - sempre ele, o melhor em campo no primeiro tempo. O
goleiro, de 1m95, se esticou tanto que pareceu até passar de 3 metros,
ou pelo menos o suficiente para espalmar a bola para escanteio.
Se o futebol fosse boxe ou MMA, muitos diriam que o primeiro tempo
terminou com vitória do Chelsea por pontos. Mas assim como nas lutas, é
possível estar em desvantagem um confronto inteiro e depois, em um lance
apenas, conseguir o golpe perfeito. O nocaute.
Talvez essa fosse a ideia de Tite, pois o Corinthians voltou para o
segundo tempo aparentemente com uma postura mais defensiva. Parecia à
espera de um contra-ataque. E seguiu resistindo à pressão. Aos oito
minutos, Mata serviu Hazard, que arrancou e bateu na saída de Cássio.
Mas o goleiro, inspirado, fez mais uma boa defesa.
Após o susto inicial, o Alvinegro neutralizou o adversário e passou a
tomar conta do jogo. Aos 18, veio a primeira boa chance no segundo
tempo. Guerrero dominou dentro da área e tocou para Paulinho, na
direita, chutar. A bola foi para fora, mas passou perto do gol de Cech.
Foi então que a Fiel, que não parou de cantar nem no intervalo, se
agigantou, confiante. O time correspondeu em campo, e a recompensa veio
aos 23 minutos.
Gols históricos não precisam ser bonitos. E quando são sofridos,
conquistados na raça, são ainda mais comemorados. O Corinthians é
especialista no assunto. O de Guerrero foi assim. Até no nome de seu
autor. Começou a ser desenhado quando Danilo, na área, cortou o marcador
e chutou. A bola desviou na zaga e subiu. O atacante peruano então
apareceu para cabecear por cima da zaga do Chelsea, que estava em cima
da linha e não conseguiu evitar que ela entrasse pelo alto.
Feio? Feio é não fazer gol, como diria Dadá Maravilha. Ou dar entradas
desleais como o zagueiro Cahill, do Chelsea, que foi expulso aos 44min
do segunda etapa, facilitando o trabalho do Corinthians, que a essa
altura sofria uma leve pressão. Antes, Rafa Benítez deve ter se dado
conta de que fez outro favor ao time paulista ao ter deixado Oscar de
fora, e o pôs em campo no lugar de Moses. A partir daí, a equipe inglesa
melhorou.
Se algum torcedor corinthiano estava em sã consciência, apesar da
eletricidade da final, enlouqueceu de vez, como os demais, em dois
lances no fim da partida - que parecia interminável.
Aos 46, Fernando Torres fez um gol que foi anulado por impedimento. E
no último lance da partida, Mata mandou a bola na trave. E então tudo
acabou. Veio o apito final. O sofrimento deu lugar à completa loucura.
Foi a senha para o "hospício" abrir suas portas e tomar as ruas de São
Paulo, do Brasil, do Japão e do mundo.
Bola de ouro
A Fifa deu neste domingo o prêmio ao melhor jogador da nona edição do
Mundial de Clubes ao goleiro Cássio, após sua espetacular atuação contra
o Chelsea.
A Bola de Prata, de segundo melhor jogador do torneio, foi para o
zagueiro brasileiro David Luiz, do Chelsea, que foi preciso, rápido e
eficiente na final.
Em terceiro lugar ficou o atacante peruano Paolo Guerrero, autor dos
gols das vitórias do Corinthians na semifinal, contra o Al Ahly, e na
decisão.
Com o título de hoje, o Corinthians, que já havia sido campeão mundial
em 2000, no Brasil, encerrou uma série de conquistas de times europeus
no torneio que começou em 2007, com o Milan. No ano passado, o Barcelona
conquistou o troféu ao golear o Santos na final.
Nenhum comentário:
Postar um comentário